segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

As orações dos homens

Subam eternamente aos teus ouvidos;

Eternamente aos teus ouvidos soem

Os cânticos da terra.


 

No turvo mar da vida,

Onde aos parcéis do crime a alma naufraga,

A derradeira bússola nos seja,

Senhor, tua palavra.


 

A melhor segurança

Da nossa íntima paz, Senhor, é esta;

Esta a luz que há de abrir à estância eterna

O fulgido caminho.


 

Ah! feliz o que pode,

No extremo adeus às cousas deste mundo,

Quando a alma, despida de vaidade,

Vê quanto vale a terra;


 

Quando das glórias frias

Que o tempo dá e o mesmo tempo some,

Despida já, - os olhos moribundos

Volta às eternas glórias;


 

Feliz o que nos lábios,

No coração, na mente põe teu nome,

E só por ele cuida entrar cantando

No seio do infinito.

Machado de Assis – 1839-1908

Nenhum comentário:

Postar um comentário